Estava ansiosa, pensativa e apreensiva. O fato de minha pressão estar sempre a 13x8 (e não apenas em ambientes hospitalares) estava me deixando nervosa. O parto na casa de parto natural já tinha sido descartada, porque eu não iria me arriscar a chegar lá, me rejeitarem e eu ter que ser transferida para um hospital publico.
Quando estava com 36 semanas os batimentos da Ana Cecilia se demonstraram irregulares, o que me fez ir atrás de uma USG com doppler e uma cardiotocografia preparto que me tranquilizaram.
Resolvi fazer as fotos da gestação no próximo final de semana (quando eu estaria com 37 semanas). Apesar de gostar de estar tirando as fotos, talvez pelo calor eu estava cansada, pesada, inchada. Tudo começou a me incomodar e pegamos um engarrafamento monstro para voltar que me deixou mole mole.
Na segunda (37 semanas e 1 dia) eu teria consulta com a minha GO e iria conversar sobre o que ela achava sobre os hospitais que me restavam, e pensar sobre a marcaçao da cesarea.
Cheguei já com lagrimas nos olhos.. nao queria ir para o Jorge Valente, mas também não queria ter que marcar cesárea. Para mim, aquilo não tinha logica!
Era muito insoso, arrumar as malas e ir para o hospital apenas porque está marcado.
Conversamos e a Dra Patricia me tranquilizou, porém, eu decidi mesmo assim nao correr o risco de parir naquele hospital que eu tanto detestava. Eu sabia que ainda poderia insistir no Santo Amaro, mas ele só anda cheio e se me rejeitassem?? Eu teria que ir pro JV.. e isso me deixava mais pra baixo do que a cesárea.
Eu conversava muito com minha filha, pedia para ela me mostrar se o que eu estava fazendo era o certo.
Depois da conversa, a GO foi me examinar e quando viu minha pressão ficou pálida: 17x10. Sim! Eu estava no ar condicionado, não nervosa o suficiente para uma pressão dessas.
Pediu pra que eu fosse ao hospital tomar medicamento venoso e fazer exames para descartar pre eclampsia.
Chegando lá, minha pressão continuava em 16x10 e eu relativamente calma. Fiz os exames e: NÃO! Não estava em pre eclampsia.
Porém, minha placenta estava em GrauIII, ou seja, totalmente madura. O que preconiza que a nenem estava pronta para nascer.
Liguei para minha GO que me pediu para adiantar o parto com medo duma possivel pre-eclampsia. Eu aceitei! Com convicção.
Ela me falou que ia tentar marcar at'e domingo, quando eu ja estaria com 38 semanas e me ligaria.
Na manha seguinte, acordei as 8 da manha com a ligacao dela:
" nao consegui marcar pra depois de hoje. arrume suas coisas e va pro hospital"
Nao acreditei no que eu estava ouvindo. Ainda tinha alguns problemas burocraticos para resolver e o Santo Amaro pra variar poderia me rejeitar.
Liguei para o meu pai e avisei que TALVEZ o parto seria naquele dia, mas que ele nao fosse precipitado e nao precisava ele voltar do trabalho (ele trabalha em outra cidade). Nessa a minha irma que tambem trabalha em outra cidade me ligou, eu disse que estava a caminho do hospital junto com o Luan e ela tambem resolveu voltar.
Eu, apreensiva que nao fosse aquele dia e todo mundo perdesse pontos no trabalho a toa segui com Luan que me apoiava, me olhava e fazia varias piadas para me relaxar.
Finalmente, depois de 2hrs o Santo Amaro resolveu que iria me internar para eu ter o meu parto cesareo. '
Quando subi pro quarto, pouco tempo depois chegou meu pai com minha mae e logo depois os tios queridos do Luan. Ficamos conversando e quando mal percebi minha medica ja tinha chegado e disse que logo me chamaria.
Entrei em pane pq o Luan tinha saido para fazer umas coisas e liguei pra ele voltar correndo.
Acho que ele saiu pulando os carros, porque realmente, exatamente na hora que eu estava subindo o elevador na cadeira de rodas para ir para o centro cirurgico, ele estava subindo tambem.
Quando entrei no centro cirurgico, havia o rosto angelical da minha GO me esperando. Ela sorriu e me tranquilizou. Fez um carinho no meu cabelo, perguntou pelo Luan no que eu falei que ele estava subindo e queria ficar na sala. Ela preparou as coisas para ele enquanto eu era preparada para anestesia.
Essa hora eu fiquei com medo! Bastante medo! Nao gosto de anestesia, era a parte que mais me amedrontava.
Olhei pra GO e falei: " pati, eu tenho medo de anestesia" ela segurou minha mao e falou que ia arder um pouco e que era pra eu ficar tranquila.
Quando o medico tocou com o dedo para saber onde furar, eu dei um pulo. Todos riram e ela pediu para que eu segurasse e nao repetisse isso. Ela segurou minhas costas e a minha mao e me acalentou.
A agulha entrou e eu senti o liquido que no final, nem ardeu tanto.
Me deitei e recebi cafune do anestesista. Porem, faltava alguem: LUAN.
Perguntei por ele e ela disse que ele estava se preparando. " sempre atrasado" eu pensei.
Ela me cortou, e logo mandou ele entrar. Olhei pra ele e ele tambem estava nervoso, mas deu um sorriso de: esta tudo bem.
Senti a pressao delas mechendo nas minhas entranhas para tirar minha filha e em um tempo que nao sei qual ela falou: abre a cortina para a familia ver.
QUando abriu, a minha mae jah chorava do lado de fora e o meu pai e os tios de Luan estavam com um sorriso bobo no rosto que os delatava.
Uma coisa que esqueci de falar, eh que nao houve pano de campo tapando. Eu conseguia enxergar tudo, inclusive o exato momento que minha filha saiu.
Toda gorducha, com um pouco de vernix. Carinha de joelho.
Lembro de ser uma sensa'cao estranha ve-la ali. Eu so pensava " ela nasceu, eh ela!" Me deram pra beijar e o vernix ficou grudado na minha boca. Fizeram todas as interven'coes na nossa frente e ela bem tranquila, chorou pouco.
Logo levaram ela e eu fiquei sendo costurada.
As medicas (ai ja tinha outra que tambem e um amor) conversavam comigo e me contavam que a minha pressao quando o parto comecou estava a 18x10. Ou seja, o perigo era muito grande e soh me mostrava o quanto eu tinha tomado a decisao certa.
Enquanto eu era costurada uma enfermeira bem simpatica pegava na minha mao e falava o quanto minha filha era linda e o anestesista fazia cafune me dizendo que logo terminaria e eu estaria no quarto com minha fil,ha.
Quando cheguei no parto estavam os meus pais e a tia Dalva do Luan (o tio dele teve que ir embora).. eles falavam o quanto ela era linda e diziam que de todos os bebes, ela era a unica que nao chorava.
Que havia se virado um pouco no bercario e que era a unica tranquila.
Meu pai perguntou se eu estava bem e eu falei apenas da agonia de nao sentir as pernas. Ele ficou fazendo massagem na minha perna ateh que comecei a sentir. Quando senti um pouco, logo olhei pra portae um pacotinho de rosa entrava.
Era o meu serzinho, a minha coisa linda.. a minha filha.
A enfermeira entregou ela a Luan e ficamos ali, namorando o nosso fruto. N'os tres.. eramos entao uma familia.
Entendi naquele momento porque em toda minha gravidez quem eu mais queria era ele, quem eu queria que estivessedo meu lado era ele e ninguem mais. Ele era praticamente meu GO, meu doulo, meu parteiro.. meu tudo.
Logo me ensinaram a amamenta-la e eu pude me conectar com ela enquanto o Luan nos abracava. Aquilo deve ter durado minutos, mas pra mim foi uma eternidade. Era tao bom.. tem sido taao bom.
